segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Livro 'bebível' consegue transformar água suja em potável

http://g1.globo.com/economia/crise-da-agua/noticia/2015/08/livro-bebivel-consegue-transformar-agua-suja-em-potavel.html

17/08/2015 11h51 - Atualizado em 17/08/2015 11h58

Livro 'bebível' consegue transformar água suja em potável

Páginas com instruções de uso podem ser arrancadas e conseguem matar quase todas as bactérias; efeito sobre vírus e protozoários ainda é incerto.

Jonathan WebbDa BBC
 A próxima fase é fazer testes maiores com os livros com moradores de várias regiões  (Foto: Waterislife/Kristine Bender/BBC)A próxima fase é fazer testes maiores com os livros com moradores de
várias regiões (Foto: Waterislife/Kristine Bender/BBC)
Pesquisadores americanos fizeram os primeiros testes bem-sucedidos de um livro cujas páginas podem ser arrancadas e transformadas em filtro para limpar água.
O "livro bebível" é feito de papel tratado e traz informações impressas nas páginas sobre como e por que a água deve ser filtrada.
Para filtrar a água adequadamente, as páginas têm nanopartículas de prata ou cobre, que matam bactérias à medida que a água passa pelas páginas.
Os cientistas fizeram testes em 25 fontes de água contaminadas espalhadas por África do Sul, Gana e Bangladesh. Nos testes, o papel conseguiu remover mais de 99% das bactérias.
Após as filtragens, a água ficou com um nível de contaminação parecido ao da água que sai das torneiras nos Estados Unidos, segundo os cientistas. Também foram detectados níveis minúsculos de prata ou cobre na água filtrada, mas dentro do considerado seguro.
Os resultados da experiência foram apresentados no 250º Encontro da Sociedade Americana de Química, em Boston, nos Estados Unidos.
Teri Dankovich, pesquisadora em pós-doutorado da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, desenvolveu e testou a tecnologia durante vários anos, trabalhando com a Universidade McGill, no Canadá, e, depois, com a Universidade da Virgínia.
"(O livro) É voltado às comunidades de países em desenvolvimento", disse Dankovich à BBC, acrescentando que 663 milhões de pessoas no mundo todo não têm acesso a água potável.
"Tudo o que você precisa fazer é arrancar uma folha, colocar em um suporte para filtro comum e despejar água de rios, riachos, poços etc, e, do outro lado, vai sair água limpa - e bactérias mortas também."
Isso porque as bactérias absorvem os íons de prata ou cobre enquanto atravessam o papel.
100 litros
 As instruções de uso do filtro estão impressas nas páginas do livro, em inglês e no idioma local  (Foto: BBC)As instruções de uso do filtro estão impressas nas páginas do livro, em
inglês e no idioma local (Foto: BBC)
Segundo os testes realizados pela cientista, uma página pode limpar até 100 litros de água. Um livro inteiro pode fornecer água limpa por quatro anos.
A pesquisadora já testou o papel em laboratório usando água contaminada artificialmente e, depois disso, fez exames em campo em países em desenvolvimento, com ONGs como Water is Live e a iDE.
Nos testes em países africanos e em Bangladesh, a contagem de bactéria nas amostras de água filtrada caiu em média mais de 99% e, na maioria das amostras, caiu para zero.
"Depois que filtramos a água com o papel, mais do que 90% das amostras não tinham bactérias viáveis", afirmou.
"É muito animador ver que este papel não funciona apenas no laboratório, mas também demonstrou sucesso em fontes de água reais que as pessoas estão usando."
Desafio
Alguns locais de testes se tornaram grandes desafios para o papel criado por Dankovich: por exemplo, um córrego que recebia diretamente esgoto não tratado com alto nível de bactérias.
"Mas ficamos muito impressionados com o desempenho do papel, que conseguiu matar quase completamente as bactérias naquelas amostras. E elas eram bem nojentas, então pensamos - se (o material) conseguir fazer isso, provavelmente vai conseguir fazer muito."
Agora, Dankovich espera aumentar a produção do papel. Atualmente, a cientista e os estudantes que participam da pesquisa fazem tudo à mão.
O próximo passo seria também distribuir os livros para que moradores de áreas problemáticas usem os filtros sozinhos.
"Precisamos colocar isso nas mãos das pessoas para ver quais serão os efeitos. Não dá para fazer muito quando você é uma cientista trabalhando sozinha", afirmou.
Daniele Lantagne, engenheira ambiental da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, afirmou que os dados coletados nos testes são promissores.
"Há muito interesse no desenvolvimento de novos produtos para tratamento de água", disse a engenheira à BBC.
Depois desses dois primeiros estágios de testes - no laboratório e em países da África e Ásia -, a equipe terá de desenvolver um "projeto de produto que possa ser comercializado" para um dispositivo no qual as páginas do "livro bebível" possam ser encaixadas.
Mas, há um problema, segundo Lantagne: o papel parece matar bactérias, mas ainda não se sabe se pode matar outros microorganismos perigosos.
"Quero ver os resultados para protozoários e vírus. É promissor, mas não vai salvar o mundo amanhã. Eles completaram uma fase importante e há mais (fases) para enfrentar", disse.
Para Kyle Doudrick, da Universidade de Notre Dame, no Estado americano de Indiana, é importante fazer com que as pessoas compreendam como usar os filtros e com que frequência eles precisam ser trocados. Mas o resultados dos testes são animadores.
"Em geral, de todas as tecnologias disponíveis - filtros de cerâmica, esterelização com raios UV e assim por diante - esta é promissora, pois é barata e é uma ideia cativante", disse.

domingo, 9 de agosto de 2015

Dieta pode inverter relógio biológico

http://super.abril.com.br/ciencia/dieta-pode-inverter-relogio-biologico?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super

Dieta pode inverter relógio biológico

alimentação e estilo de vida fazem cromossomos voltarem a crescer - e revertem o processo de envelhecimento do corpo
POR Redação Super
Salvador Nogueira

Conforme você vive, as suas células se multiplicam: o organismo vai criando novas para substituir as que morrem. Esse processo não é infinito. Ele desgasta os telômeros, estruturas que ficam na ponta dos cromossomos, até que a multiplicação celular para de funcionar direito, e aí você envelhece e morre. Mas um novo estudo indica que é possível inverter isso e fazer os telômeros voltarem a crescer. Ou seja, ficar biologicamente - e literalmente - mais jovem.

Uma equipe do Instituto de Pesquisa em Medicina Preventiva, na Califórnia, acompanhou dez idosos. *Eles foram submetidos a uma dieta controlada, com apenas 10% de gordura e rica em alimentos saudáveis (verduras, legumes e grãos integrais). Também tinham de fazer exercícios diários. Cinco anos depois, seus telômeros haviam crescido 10% - quando o normal seria encolherem 3%.

É o primeiro caso registrado de crescimento dos telômeros (até então, acreditava-se que eles só pudessem diminuir). Os telômeros funcionam como uma proteção para os cromossomos, evitando que eles se despedacem durante a multiplicação do DNA. Há vários estudos demonstrando a relação entre o encurtamento dos telômeros e o envelhecimento do organismo. Os pesquisadores estão animados, embora ainda não comemorem. "Precisamos fazer mais testes para confirmar a descoberta", afirma o médico Dean Ornish, líder do estudo. Mas, mesmo enquanto isso não acontece, vale a pena manter hábitos saudáveis. Não custa nada.

*Fonte: Effect of comprehensive lifestyle changes on telomerase activity and telomere length, Dean Ornish e outros, Universidade da Califórnia, São Francisco

sábado, 8 de agosto de 2015

'Ácaros briguentos' e outros destaques espetaculares de concurso de fotos microscópicas

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/08/acaros-briguentos-e-outros-destaques-espetaculares-de-concurso-de-fotos-microscopicas.html

BBC
07/08/2015 08h24 - Atualizado em 07/08/2015 08h24

'Ácaros briguentos' e outros destaques espetaculares de concurso de fotos microscópicas

Edição de 2015 de concurso da Sociedade Real Microscópica (RMS) britânica tem close de bactéria 'sorridente' e ovos que lembram jogo 'Angry Birds'.

Da BBC
'Happy Cyanobacteria' é o título desta imagem produzida por Mariona Hernandez com microscopia de transmissão eletrônica (Foto: Mariona Hernandez/ Royal Microscopical Society)'Happy Cyanobacteria' é o título desta imagem produzida por Mariona Hernandez com microscopia de transmissão eletrônica (Foto: Mariona Hernandez/ Royal Microscopical Society)
A BBC reuniu uma seleção de imagens ganhadoras e finalistas da edição de 2015 do Concurso de Imagens Científicas da Royal Microscopic Society do Reino Unido, realizado a cada dois anos.Veja todas as imagens.
Entre elas estão closes nada discretos de uma bactéria "sorridente", ácaros "briguentos" e uma aranha com aspecto cadavérico.
Essas cenas, não visíveis a olho nu, foram registradas com tecnologias superavançadas, incluindo a microscopia eletrônica de varredura (SEM).
Entre as imagens espetaculares, algumas delas coloridas artificialmente, estão as de bactérias marinhas, moscas e ovos eclodidos de insetos que, por incrível que pareça, lembram pássaros vermelhos personagens do game "Angry Birds".
Imagem foi colorida artificialmente e fez um conjunto de ovos eclodidos de percevejo ficarem parecidos com os famosos personagens do game 'Angry Birds' (Foto: Ken PNG/ Zeiss Microscopy/ Royal Microscopical Society )Imagem foi colorida artificialmente e fez um conjunto de ovos eclodidos de percevejo ficarem parecidos com os famosos personagens do game 'Angry Birds' (Foto: Ken PNG/ Zeiss Microscopy/ Royal Microscopical Society )
Essa imagem superdetalhada de uma aranha de pernas longas mostra porque ela também é conhecida como "aranha caveira" (Foto: Harold Taylaor/ Royal Microscopical Society)Essa imagem superdetalhada de uma aranha de pernas longas mostra porque ela também é conhecida como "aranha caveira" (Foto: Harold Taylaor/ Royal Microscopical Society)









































































A transformação do Coisa


https://www.youtube.com/watch?v=mckiQA2-UGw

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Por que as pessoas acreditam em teorias de conspiração?

http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/por_que_acreditam_em_teorias_de_conspiracao_.html

Por que acreditam em teorias de conspiração?

Distorções cognitivas estão entre os principais fatores que levam a crenças em complôs


SHUTTERSTOCK

Thea Buckley, Índia

Christopher French, professor de psicologia na Goldsmiths, parte da famosa Universidade de Londres, explica que embora crenças em conspirações possam se fundamentar, ocasionalmente, em uma análise racional das evidências, na maioria das vezes não é isso o que ocorre.

Uma das maiores forças de nossa espécie reside na capacidade de encontrarmos padrões significativos no mundo que nos cerca e, a partir deles, fazermos inferências causais.

Mas, às vezes, vemos padrões e conexões causais que não existem de fato; que não estão lá. Especialmente quando sentimos que os eventos estão além do nosso controle. 

Os atrativos de teorias conspiratórias podem resultar de uma série de tendências cognitivas que caracterizam o modo como processamos informações.

“Distorção de confirmação” é o viés cognitivo mais difundido e um poderoso motor da crença em conspirações. 

Todos nós temos uma inclinação natural para dar mais peso à evidência que confirma aquilo em que já acreditamos e ignorar o que contradiz nossas convicções.

Os acontecimentos do mundo real, que muitas vezes se tornam sujeitos a teorias de conspiração, tendem a ser intrinsecamente complexos e pouco claros.

Relatos iniciais podem conter erros, contradições e ambiguidades, e aqueles que querem encontrar evidências de um ocultamento, ou encobertamento (cover-up), se concentrarão nessas inconsistências para reforçar suas alegações/posições.

O “viés à proporcionalidade”, nossa tendência inata de presumir que grandes eventos têm grandes causas, também pode explicar nossa propensão a aceitar conspirações.

Essa é uma das razões por que muitas pessoas manifestaram desconforto diante da ideia de o presidente John F. Kennedy ter sido vítima de um solitário atirador perturbado, achando mais fácil aceitar a teoria de que ele havia sido vítima de uma conspiração em larga escala.

Outra tendência cognitiva relevante é a “projeção”.

Pessoas que endossam teorias de conspiração podem ser mais propensas a se envolver em comportamentos conspiratórios, como espalhar boatos ou tender a desconfiar dos motivos de terceiros (outros).

Se você se engajasse em comportamentos desse tipo, poderia parecer natural que outras pessoas também o fizessem, fazendo com que conspirações parecessem mais plausíveis e difundidas.

Além disso, pessoas fortemente inclinadas para o pensamento conspiratório serão mais propensas a endossar teorias mutuamente contraditórias.

Se você acreditar, por exemplo, que Osama bin Laden foi morto muitos anos antes de o governo americano anunciar oficialmente a sua morte, também estará mais propenso a acreditar que ele ainda está vivo.

Nenhuma das possibilidades acima deveria indicar que todas as teorias conspiratórias são falsas.

Algumas, de fato, podem revelar-se verdadeiras.

A verdade é que algumas pessoas podem ter uma tendência para achar essas teorias atraentes.

O “x” da questão é que conspiradores não têm realmente certeza de qual é a verdadeira explicação para um fato/evento — eles simplesmente estão convictos de que a “história/versão oficial” é um disfarce, um encobertamento.

Publicado em Scientific American em 11 de junho de 2015.

domingo, 2 de agosto de 2015

Por que os policiais matam

http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/por_que_policiais_matam.html

Por que policiais matam

O que, no cérebro de policiais ou cidadãos, leva qualquer um desses grupos a irromper em violência?


Michael Shermer

SHUTTERSTOCK

O contínuo problema do uso de força letal contra cidadãos de minorias por parte da polícia disparou a busca por uma causa universal – mais comumente identificada como o racismo. Esse exame de consciência é compreensível, especialmente à luz dos emails racistas descobertos no departamento de polícia de Ferguson, no estado do Missouri, pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos durante a investigação sobre a morte de Michael Brown, de 18 anos.

Seja qual for a extensão com que o preconceito ainda se filtre pela mente de alguns policiais em algumas partes da sociedade dos EUA (nada como há 50 anos), isso não explica as muitas interações que se desdobram sem incidente todos os anos entre a polícia branca e cidadãos de minorias, ou os milhares de casos de agressões contra policiais que não terminam em morte de policiais (49.851 em 2013, de acordo com o FBI). O que, no cérebro de policiais ou cidadãos, leva qualquer um desses grupos a irromper em violência?

Uma resposta pode ser encontrada nas profundezas do cérebro, onde uma rede neural interliga três estruturas no que o neurocientista Jaak Panksepp chama de ‘circuito da raiva’: (1) a matéria cinzenta periaquedutal (ela coordena a entrada de estímulos e a saída de respostas motoras); (2) o hipotálamo (ele regula a liberação de adrenalina e testosterona, relacionadas a motivação e emoção); e (3) a amígdala cerebral (associada com respostas emocionais automáticas, especialmente o medo, ela se acende em resposta a um rosto furioso; pacientes com danos nessa área têm dificuldade em avaliar as emoções dos outros).  Quando Panksepp estimulou eletricamente o circuito da raiva de um gato, o felino saltou em direção à sua cabeça com garras e presas à mostra. Humanos estimulados de maneira semelhante relataram sentir uma fúria incontrolável.

O circuito da raiva é cercado e modulado pelo córtex cerebral, particularmente o córtex orbitofrontal, onde decisões são tomadas sobre como você deveria responder a estímulos específicos – agir impulsivamente ou mostrar controle. Em seu livro de 1998, Guilty by Reason of Insanity (sem edição em português), a psiquiatra Dorothy Otnow Lewis aponta que quando o córtex de um gato é cirurgicamente separado das áreas inferiores de seu cérebro, ele responde a estímulos levemente desagradáveis com ferocidade e violência, não diferente de um assassino condenado e improvavelmente chamado Lucky (sortudo, em inglês), que tinha lesões entre as regiões corticais e o resto de seu cérebro. Lewis suspeita que as lesões de Lucky foram responsáveis pelo esfaqueamento selvagem de um balconista.

Em cérebros saudáveis e sob circunstâncias normais, o autocontrole cortical normalmente derrota impulsos emocionais. Em certas condições que pedem emoções fortes, como quando você se sente ameaçado por ferimentos físicos ou morte, é prudente que o circuito da raiva sobrepuje o córtex, como no caso de uma mulher chamada Susan, descrito pelo psicólogo evolutivo David M. Buss em seu livro de 2005, The Murderer Next Door (sem edição em português).Quando seu marido abusivo se aproximou dela com uma faca de caçador na mão, sob o efeito da cocaína, gritando “Morra, cadela!”, Susan chutou-o na virilha e agarrou a faca. O que aconteceu a seguir é o que o sociólogo Randall Collins chama de “pânico avançado” – uma explosão de violência semelhante aos massacres de guerra em Nanking e My Lai e o espancamento de Rodney King por agentes policiais de Los Angeles. “Eu esfaqueei a cabeça dele e esfaqueei o pescoço dele e esfaqueei o peito dele e esfaqueei o estômago dele”, testemunhou Susan durante seu julgamento por homicídio, explicando as 193 facadas resultantes de seu impulso incontrolável de vingar-se do abuso. Essas emoções evoluíram como uma adaptação a ameaças, especialmente quando não há tempo para computar as chances de um resultado. O medo faz com que recuemos e nos afastemos de riscos. A raiva nos leva a atacar e nos defender contra predadores ou agressores.      

Uma explicação condescendente para porquê policiais matam é que certas ações de suspeitos (fugir, ou resistir à prisão, ou enfiar as mãos dentro da viatura para tentar pegar uma arma) podem disparar o circuito da raiva com tanta intensidade que ele sobrepuja todo o autocontrole cortical. Isso pode ser especialmente verdadeiro se o policial estiver modificado pelo treinamento e pela experiência para procurar perigo ou estiver enviesado por perfis raciais que levam a expectativas negativas em relação ao comportamento de certos cidadãos.

O treinamento futuro da polícia deveria incluir a inserção de policiais em situações ameaçadoras e equipá-los com técnicas para minimizar o resultado. Em seu livro de 2011, Força de Vontade – A redescoberta do poder humano (Escala, 2012), Roy F. Baumeister e John Tierney descrevem métodos para suprimir esses impulsos. Cidadãos, por sua vez, deveriam se lembrar de que policiais estão trabalhando para nos proteger de ameaças à nossa segurança.

Michael Shermer é editor da revista Skeptic (www.skeptic.com). Seu novo livro The Moral Arc, já está disponível (Henry Holt, 2015). Siga-o no Twitter @michaelshermer 

SCIENTIFIC AMERICAN E HENRY HOLT SÃO ASSOCIADOS

Drones moleculares

http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2015/327/drones-moleculares

Drones moleculares

Dispositivos minúsculos permitem que fármacos atinjam alvos específicos no organismo. Tecnologia é promissora para o desenvolvimento de tratamentos contra o câncer, diz colunista da CH.
Por: Angelo Cunha Pinto
Publicado em 30/07/2015 | Atualizado em 30/07/2015

Drones moleculares
Nanoválvula (em cinza azulado) libera o fármaco (bolas vermelhas) somente quando as ‘portas’ (esferas douradas com cones verdes) de seus reservatórios são ‘abertas’ pela acidez e o oxigênio presentes nas células malignas. (ilustração adaptada do artigo)
Entre os grandes avanços atuais na área da química medicinal, um dos destaques é o desenvolvimento de dispositivos extremamente diminutos, mas altamente sofisticados, voltados à liberação controlada de fármacos para o tratamento do câncer e de outras doenças infecciosas.
A construção desses dispositivos – ditos nanomoleculares, por sua dimensão na casa do bilionésimo de metro – tem como objetivo fazer com que os fármacos atinjam alvos específicos – à semelhança dos drones –, matando, por exemplo, células cancerosas e poupando as sadias, diminuindo, assim, os efeitos colaterais adversos de medicamentos que são eficazes, mas tóxicos. Esses nanodispositivos também protegem os fármacos de degradações causadas por enzimas, aumentando, dessa forma, o tempo dessas drogas no organismo.
Essas máquinas moleculares podem, por exemplo, ser nanoválvulas, dotadas de reservatórios que podem ser ‘carregados’ com um fármaco. Um componente móvel – que se abre e se fecha como uma porta – libera seu conteúdo ou interrompe seu funcionamento, quando comandos químicos são aplicados (figura acima).
Recentemente, pesquisadores brasileiros da Universidade Federal Fluminense e da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto (SP), construíram nanoválvulas à base do mesmo elemento químico que compõe os microprocessadores e chips: o silício – mais especificamente, sílica (dióxido de silício). Esses dispositivos – dotados de poros regulares de 3 a 6 nanômetros cada e ‘grande’ área superficial – não são tóxicos nem reagem com outras substâncias presentes no organismo.
As nanoválvulas são, de fato, sistemas de liberação de fármacos promissores
Na superfície desses dispositivos, foram introduzidas as chamadas funcionalizações químicas – no caso, fazendo o papel de porta para cada poro. Os componentes das nanoválvulas foram planejados para que essas portas se abram na presença de oxigênio molecular em meio ácido, tendo em vista o ambiente ácido de vários tumores.
Depois de carregarem os reservatórios das nanoválvulas com um fármaco (cloridrato de doxorubicina) usado no tratamento de certos cânceres, os pesquisadores brasileiros investigaram a eficiência desses nanodispositivos. Um desses experimentos mostrou que o fármaco foi liberado com sucesso no interior de células de câncer de pele de camundongos, fazendo com que a ação dessa droga fosse potencializada.
Esses resultados – publicados no periódico Microporous and Mesoporous Materials (v. 206, pp. 226-233, 2015) por Gleiciani Silveira, Roberto da Silva, Lilian Franco, Maria Vargas e Célia Ronconi – mostraram que as nanoválvulas são, de fato, sistemas de liberação de fármacos promissores cujo estudo poderá levar a avanços no tratamento do câncer. 
Este texto foi publicado originalmente na CH 327. Clique aqui para ter acesso a uma versão parcial da revista e conferir outros textos da edição.

Angelo Cunha Pinto
Instituto de Química,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

A ciência do sex appeal