sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Cinco curiosidades sobre 'superjacaré' brasileiro mais forte que tiranossauro

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/02/cinco-curiosidades-sobre-superjacare-brasileiro-mais-forte-que-tiranossauro.html

BBC
26/02/2015 16h32 - Atualizado em 26/02/2015 16h32

Cinco curiosidades sobre 'superjacaré' brasileiro mais forte que tiranossauro

Criatura pré-histórica amazônica que tinha mordida de sete toneladas podia chegar a mais de 12 metros de comprimento e viveu há oito milhões de anos.

Fernando DuarteDa BBC Brasil em Londres
A mordida do Purussaurus era 20 vezes mais poderosa que a de um tubarão branco (Foto: Tito Aureliano/BBC)A mordida do Purussaurus era 20 vezes mais poderosa que a de um
tubarão branco (Foto: Tito Aureliano/BBC)















Purussaurus brasiliensis está extinto há 8 milhões de anos, mas ainda pode causar um certo frisson na comunidade científica.
O antepassado do jacaré, que viveu na região da Amazônia no período mioceno, foi descoberto em 1892, pelo cientista e aventureiro brasileiro Barbosa Rodrigues. Mas um estudo publicado na semana passada tirou o réptil de décadas de esquecimento: uma equipe de pesquisadores brasileiros pela primeira vez fez estimativas detalhadas de suas dimensões e de sua fisiologia.
A principal revelação foi a de que a mordida do Purussaurus era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex, o mais notório dos dinossauros.
Mas essa não foi a única curiosidade, como a lista abaixo mostra.
Um carnívoro voraz
Segundo Aline Ghilardi, paleontóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Purussaurusprecisava de uma imensa quantidade de comida para sustentar o corpanzil que podia passar dos 12 metros de comprimento. Ela e seus colegas calcularam que o jacaré pré-histórico precisava comer uma média de 40kg de carne diariamente para sobreviver.
Isso é pelo menos 15 vezes mais do que um jacaré contemporâneo come.
"O mioceno foi uma era marcada por grandes mamíferos na região da Amazônia. Havia preguiças de cinco metros, por exemplo. Isso era perfeito para o Purussarus", conta Ghilardi.
Purussaurus versus tiranossauro: quem venceria?
O jacaré pré-histórico podia chegar a 12 metros de comprimento e pesar até oito toneladas  (Foto: Divulgação)O jacaré pré-histórico podia chegar a 12 metros de comprimento e pesar
até oito toneladas (Foto: Divulgação)















O jacaré pré-histórico podia chegar a 12 metros de comprimento e pesar até oito toneladas
Purussaurus viveu há 8 milhões de anos, mais de 50 milhões depois da extinção do tiranossauro. Mas Ghilardi não tem dúvidas sobre quem levaria a melhor caso os dois animais se encontrassem pelo caminho.
"O tiranossauro não teria vez numa luta. Para começar, o Purussaurus vivia numa região de pântanos, o que lhe dava mais vantagem territorial. E sempre vale lembrar que um antepassado do jacaré era predador do tiranossauro", conta Ghilardi.
Dentada violenta
Antepassado do jacaré era predador do Tiranossauro Rex (Foto: BBC)Antepassado do jacaré era predador do Tiranossauro Rex (Foto: BBC)














Uma lista dos animais de mordida mais poderosa tem detalhes impressionantes. Segundo a equipe de pesquisadores, a força da mordida média do jacaré pré-histórico brasileiro era de sete toneladas, com força mínima de 41 mil e máxima de mais de 115 mil. O tiranossauro, por exemplo, não passava de 57 mil.
A pesquisa brasileira foi possível por causa da descoberta de um crânio no Acre pelos paleontologistas Edson Guilherme e Jonas Souza Filho.
Design vencedor
Não é por mera coincidência que o "ranking da mordida" tem seis animais da família dos jacarés e crocodilos entre os dez mais fortes. "O Purussaurus tinha uma anatomia bem adequada para uma mordida violenta e sustentável", diz Ghilardi.
E essa eficiência se manteve ao longo de milhões de anos.
"Basta vermos as semelhanças entre os antepassados e os jacarés e crocodilos de hoje", observa.
Análises de outros pesquisadores em fósseis do Purussaurus revelaram que ele já era capaz de fazer os temidos "rolamentos" na água com que jacarés e crocodilos de hoje matam e desmembram suas presas.
Derrotado por montanhas
Na Amazônia miocênica, o Purussaurus era o rei da selva – ou melhor, do pântano.
Mas um fenômeno geológico seria fatal para o jacaré pré-histórico: o surgimento da Cordilheira dos Andes, que teve um impacto profundo no meio-ambiente do continente inteiro, e ainda mais dramático na região amazônica. As mudanças extinguiram diversas espécies e tornaram a vida doPurussaurus brasiliensis extremante complicada.
"A constante subida dos Andes e a mudança do sistema amazônico de pântanos para os sistemas de rios que temos hoje reduziu muito a área para esses animais gigantes viverem. Ao reduzir também o número de presas, causou rapidamente a extinção dos superjacarés amazônicos. É uma lição para nós de que nem sempre é necessário um meteoro para causar a extinção de um grupo bem sucedido de espécies", afirma Tito Aureliano, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um dos autores do estudo.

Grã-Bretanha se torna primeiro país a legalizar bebês com três pais

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/02/gra-bretanha-se-torna-primeiro-pais-legalizar-bebes-com-tres-pais.html

26/02/2015 08h33 - Atualizado em 26/02/2015 08h33

Grã-Bretanha se torna primeiro país a legalizar bebês com três pais

Câmara Alta do Parlamento britânico aprovou mudança na legislação.
Além do DNA do pai e da mãe, bebê ganhará parte do DNA de doadora.

Da Reuters
Uma versão modificada de fertilização in vitro pode devolver a esperança a mulheres com doenças genéticas que pretendam engravidar
Uma versão modificada de fertilização in vitro pode devolver a esperança a mulheres
com doenças genéticas que pretendam engravidar /  
Sandy Huffaker/Getty Images

A Grã-Bretanha vai se tornar o primeiro país a legalizar uma técnica de fertilização in vitro com "três progenitores" e capaz de prevenir algumas doenças hereditárias incuráveis, segundo cientistas, mas que críticos temem que possa abrir caminho para o surgimento de "bebês projetados".
Após mais de três horas de debate, parlamentares na Câmara Alta do Parlamento britânico votaram na última terça-feira (24) a favor de uma mudança na legislação para permitir o uso do procedimento, repetindo a aprovação alcançada neste mês na Câmara Baixa.
O tratamento, chamado transferência mitocondrial, é conhecido como fertilização in vitro com "três progenitores" porque os bebês, nascidos a partir de embriões geneticamente modificados, carregariam o DNA de uma terceira doadora, além dos da mãe e do pai.
Embora a técnica ainda esteja em fase de pesquisa em laboratórios na Grã-Bretanha e Estados Unidos, especialistas dizem que com a superação dos impedimentos legais, o primeiro bebê britânico com três progenitores pode nascer já em 2016.
Técnica evita doenças
A transferência mitocondrial envolve a intervenção no processo de fertilização para remover um DNA mitocondrial defeituoso que possa vir a provocar doenças hereditárias, tais como problemas cardíacos, deficiência hepática, cegueira e distrofia muscular.
A mitocôndria age como uma pequena unidade de produção de energia dentro das células, e cerca de 1 em cada 6.000 bebês em todo o mundo nascem com sérios distúrbios mitocondriais.
Em resposta à votação no Parlamento, o diretor da entidade médica beneficente Wellcome Trust elogiou os parlamentares pela “decisão refletida e compassiva”. “As famílias que sabem o que é cuidar de uma criança com uma doença devastadora são as pessoas melhor posicionadas para decidir se a doação mitocondrial é a opção correta”, disse ele.
O diretor-executivo da Sociedade de Biologia britânica, Mark Downs, comemorou “um grande dia para a ciência da Grã-Bretanha” e disse que a decisão é um marco e “vai garantir às mães que carregam mitocôndrias defeituosos que possam ter crianças sadias livres de condições desvastadoras.”
Mas Marcy Darnovsky, diretora do Centro de Genética e Sociedade, um grupo de campanha contrário à medida, disse que o passo foi um “erro histórico” que vai transformar as crianças em experimentos biológicos. "As técnicas... são relativamente rudimentares e não vão por si sós criar os chamados bebês projetados", disse ela.
“No entanto, vão resultar em crianças com o DNA de três pessoas diferentes em cada célula de seus corpos, o que vai impactar uma grande quantidade de características de maneiras desconhecidas e introduzir modificações genéticas que serão transmitidas às futuras gerações”, acrescentou Marcy.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Método científico: a caixa

Para físicos, Hawking tem agido mais como um astro pop do que como cientista

Para físicos, Hawking tem agido mais como um astro pop do que como cientista


Para o físico Peter Higgs o "status de celebridade [de Stephen Hawking] lhe dá uma credibilidade instantânea que os outros [físicos] não têm".
Stephen Hawking acaba de entrar para mais uma lista seleta de cientistas -aqueles cujas vidas são transformadas em filme. "A Teoria de Tudo", indicado ao Oscar, conta sua história. Mas, convenhamos, não foi sua produção científica que o elevou a essa posição.

A imagem do "gênio preso à cadeira de rodas" começou a ser cultivada quando Hawking publicou seu primeiro livro de divulgação científica, "Uma Breve História do Tempo", em 1988.

A fama acabou levando o cientista, que luta contra a esclerose lateral amiotrófica, a violar um dos mais básicos princípios do comportamento acadêmico: não se deve fazer afirmações extraordinárias sem evidências igualmente extraordinárias.

PALAVRA DE HAWKING
Os exemplos são vários. Já em 2004, o pop-star britânico anunciou ter solucionado um dos mais intrigantes problemas ligados à física de buracos negros, o chamado "paradoxo da informação".

É basicamente a ideia de que a informação no interior das partículas que caem num buraco negro é destruída e desaparece do Universo para sempre. Os físicos consideram isso paradoxal porque seria um obstáculo à própria aplicação da ciência. Se você parte de um estado "desinformado", não há como aplicar as teorias sobre ele para saber o que acontece depois ou determinar o que ocorreu antes.

Ao dizer que teria resolvido o dilema, Hawking chamou a atenção dos físicos do mundo inteiro. Mas ele nunca apresentou cálculos que demonstrassem isso.

Dez anos depois, repetiu a dose, dizendo ter concluído que buracos negros podem nem existir. Mais uma vez um choque: a imensa maioria dos cientistas já estava convencida de que esses fenômenos são reais. Mas Hawking, de novo, não apresentou o devido embasamento matemático para demonstrar sua conclusão bombástica.

Para Mario Novello, cosmólogo do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), é um sinal dos tempos. "No século 20, um cientista pesava suas afirmações não comprovadas e não as deixava sair para o grande público", diz. "Hoje, a ciência se tornou midiática. E Hawking atua como uma celebridade, não mais como um físico."

Também em 2014, Hawking lançou um alerta à humanidade ao escrever que a manipulação do bóson de Higgs -partícula descoberta em 2012 no maior acelerador de partículas do mundo- poderia levar à destruição do próprio Universo, algo que não conta com o respaldo da comunidade científica.

Antes, o pesquisador já tinha insistido que o bóson de Higgs jamais seria encontrado -ele inclusive perdeu US$ 100 que tinha apostado com um físico da Universidade do Michigan sobre isso.
Em um embate em 2002, o físico Peter Higgs, que tinha previso matematicamente a partícula que leva o seu nome, chegou a reclamar que era difícil discutir com Hawking porque "seu status de celebridade lhe dá uma credibilidade instantânea que os outros [físicos] não têm".


Não se questiona, claro, que Hawking contribuiu muito para a ciência em suas áreas de atuação. Suas principais contribuições, porém, ocorreram durante as décadas de 60 e 70. Na época, Hawking fez a descoberta mais fantástica de sua carreira, ao constatar que buracos negros não são completamente negros -eles emitem uma suave torrente de partículas, hoje justamente conhecida como radiação Hawking.

Embora o fenômeno jamais tenha sido observado (não é fácil estudar buracos negros por telescópio, e mais difícil ainda detectar a sutil radiação Hawking), os físicos têm alta confiança nessas conclusões do cientista britânico.

"Tem vários resultados em física que portam o nome dele", destaca o físico relativista italiano Riccardo Sturani, do Instituto de Física Teórica da Unesp. "Com certeza a física hoje seria diferente sem os resultados que ele alcançou."

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Cientistas descobrem organismo que não evoluiu ao longo de 2 bilhões de anos

http://maridornellas.wix.com/mentes-inquietas#!Cientistas-descobrem-organismo-que-n%E3o-evoluiu-ao-longo-de-2-bilh%F5es-de-anos/c112t/54d224960cf2f6810eefb9e0


Cientistas descobrem organismo que não evoluiu ao longo de 2 bilhões de anos
04.02.2015

A imagem acima é da rocha de 1,8 bilhões de anos que os cienistas encontraram os fósseis  



Uma equipe internacional de cientistas descobriram a maior ausência de evolução já registrado - um tipo de microorganismo do mar  que parece não ter evoluído ao longo de mais de 2 bilhões de anos. Mas os pesquisadores dizem que a falta de evolução dos organismos realmente suporta a teoria da evolução de Charles Darwin.

Os cientistas examinaram as bactérias de enxofre, microorganismos muito pequeno para visualizar a olho nu, que tem 1,8 bilhões de anos. Eles foram preservadas em rochas de águas costeiras da Austrália Ocidental. Utilizando tecnologia de ponta, eles descobriram que as bactérias têm a mesma aparência que as bactérias da mesma região, de 2,3 bilhões de anos atrás - e que ambos os conjuntos de antigas bactérias são indistinguíveis de bactérias modernas de enxofre encontrados na lama ao largo da costa do Chile. Então como é que os cientistas explicam uma espécie vivendo por tanto tempo sem evoluir?

  • Adaptadas ao seu meio

Esse resulatdos são condizentes com a teoria da seleção natural. "A regra da biologia não é evoluir a menos que ocorra mudanças no ambiente físico-biológico" disse Schopf, que também é diretor do Centro de UCLA para o Estudo da Evolução e origem da vida. O ambiente em que esses microrganismos vivem se manteve essencialmente inalterado  por 3 bilhões de anos, disse ele.

Em outras palavras, se um organismo está bem adaptado ao seu meio ambiente, e este ambiente não muda, então não há necessidade de evoluir

Se eles estivessem em um ambiente que não se alterou, mas mesmo assim evoluido, ai nossa compreensão da evolução darwiniana estaria seriamente comprometida.

Schopf disse: portanto, os resultados fornecem mais uma prova científica do trabalho de Darwin. "Ele se encaixa perfeitamente com as suas ideias", disse ele.

Os fósseis analizados por Schopf marca uma data onde ocorre o aumento substancial dos níveis de oxigênio da Terra, periodo conhecido como o grande evento da oxidação, que os cientistas acreditam que ocorreu entre 2,2 bilhões e 2,4 bilhões de anos atrás. Logo no início da história do nosso planeta, a atmosfera da Terra era desprovida de oxigênio. Mas durante este evento que mudará o mundo, as concentrações atmosféricas de oxigênio começaram a subir a níveis apreciáveis. Concomitantemente, os níveis de sulfato e nitrato também aumentaram dramaticamente,  em alto mar, fazendo com os organismos que viviam na lama prosperassem daí por diante.

Schopf utilizou diversas técnicas para analisar os fósseis, incluindo espectroscopia Raman - que permite aos cientistas olhar por dentro das rochas para determinar a sua composição e química - e microscopia confocal de varredura a laser - o que deixa os fósseis em 3-D. Ele foi pioneiro no uso de ambas as técnicas para a análise de fósseis microscópicos preservados dentro de rochas antigas.