sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Por que as pessoas acreditam em teorias de conspiração?

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Por que acreditam em teorias de conspiração?

Distorções cognitivas estão entre os principais fatores que levam a crenças em complôs


SHUTTERSTOCK

Thea Buckley, Índia

Christopher French, professor de psicologia na Goldsmiths, parte da famosa Universidade de Londres, explica que embora crenças em conspirações possam se fundamentar, ocasionalmente, em uma análise racional das evidências, na maioria das vezes não é isso o que ocorre.

Uma das maiores forças de nossa espécie reside na capacidade de encontrarmos padrões significativos no mundo que nos cerca e, a partir deles, fazermos inferências causais.

Mas, às vezes, vemos padrões e conexões causais que não existem de fato; que não estão lá. Especialmente quando sentimos que os eventos estão além do nosso controle. 

Os atrativos de teorias conspiratórias podem resultar de uma série de tendências cognitivas que caracterizam o modo como processamos informações.

“Distorção de confirmação” é o viés cognitivo mais difundido e um poderoso motor da crença em conspirações. 

Todos nós temos uma inclinação natural para dar mais peso à evidência que confirma aquilo em que já acreditamos e ignorar o que contradiz nossas convicções.

Os acontecimentos do mundo real, que muitas vezes se tornam sujeitos a teorias de conspiração, tendem a ser intrinsecamente complexos e pouco claros.

Relatos iniciais podem conter erros, contradições e ambiguidades, e aqueles que querem encontrar evidências de um ocultamento, ou encobertamento (cover-up), se concentrarão nessas inconsistências para reforçar suas alegações/posições.

O “viés à proporcionalidade”, nossa tendência inata de presumir que grandes eventos têm grandes causas, também pode explicar nossa propensão a aceitar conspirações.

Essa é uma das razões por que muitas pessoas manifestaram desconforto diante da ideia de o presidente John F. Kennedy ter sido vítima de um solitário atirador perturbado, achando mais fácil aceitar a teoria de que ele havia sido vítima de uma conspiração em larga escala.

Outra tendência cognitiva relevante é a “projeção”.

Pessoas que endossam teorias de conspiração podem ser mais propensas a se envolver em comportamentos conspiratórios, como espalhar boatos ou tender a desconfiar dos motivos de terceiros (outros).

Se você se engajasse em comportamentos desse tipo, poderia parecer natural que outras pessoas também o fizessem, fazendo com que conspirações parecessem mais plausíveis e difundidas.

Além disso, pessoas fortemente inclinadas para o pensamento conspiratório serão mais propensas a endossar teorias mutuamente contraditórias.

Se você acreditar, por exemplo, que Osama bin Laden foi morto muitos anos antes de o governo americano anunciar oficialmente a sua morte, também estará mais propenso a acreditar que ele ainda está vivo.

Nenhuma das possibilidades acima deveria indicar que todas as teorias conspiratórias são falsas.

Algumas, de fato, podem revelar-se verdadeiras.

A verdade é que algumas pessoas podem ter uma tendência para achar essas teorias atraentes.

O “x” da questão é que conspiradores não têm realmente certeza de qual é a verdadeira explicação para um fato/evento — eles simplesmente estão convictos de que a “história/versão oficial” é um disfarce, um encobertamento.

Publicado em Scientific American em 11 de junho de 2015.

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