sexta-feira, 3 de junho de 2016

Cães foram domesticados duas vezes em regiões distintas, diz estudo

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2016/06/1777736-caes-foram-domesticados-duas-vezes-em-regioes-distintas-diz-estudo.shtml



Cães foram domesticados duas vezes em regiões distintas, diz estudo



Cães foram domesticados duas vezes em regiões distintas, diz estudo

Cães foram domesticados duas vezes em regiões distintas, diz estudo


Uma combinação de dados arqueológicos com novos estudos de material genético indica que de fato o cão é o melhor amigo do homem: ele teria sido domesticado não apenas uma vez, mas duas vezes em regiões distintas do planeta.
A relação entre cães e humanos vêm de longa data. O estudo comparou DNA de cães europeus que viveram entre 14.000 a 3.000 anos atrás, e decifrou o genoma de um deles em particular, que viveu em Newgrange, um sítio arqueológico na Irlanda, há 4.800 anos.
A comparação também envolveu genomas de lobos –o ancestral dos cães– e cachorros modernos, tanto da Eurásia ocidental como do leste da Ásia. O material genético de 605 cães modernos de 48 raças de todo o mundo foi vasculhado
O estudo foi feito pela equipe chefiada por Laurent A. F. Frantz e Greger Larson, da Universidade Oxford, Reino Unido, e Daniel G. Bradley, do Trinity College Dublin, Irlanda, e está publicado na edição de hoje da revista científica americana "Science".
Como o lobo é comum na Eurásia –o megacontinente reunindo Europa e Ásia–, existem evidências de que sua domesticação poderia ter acontecido na Europa, na Ásia central, ou no seu extremo oriente.
Os resultados indicaram a possibilidade de duas domesticações caninas na pré-história.
Os autores do estudo apresentaram a hipótese de que "duas populações de lobos geneticamente diferenciados e potencialmente extintos na Eurásia do leste e do oeste podem ter sido independentemente domesticados antes do advento da agricultura assentada. A população oriental então se dispersou para oeste junto com os humanos em algum momento entre 6.400 a 14.000 anos atrás, para a Europa Ocidental, onde eles
parcialmente substituíram uma população paleolítica de cães indígena", escrevem os autores na "Science".
Fósseis de cão achados na Alemanha podem ter 16.000 anos, indicando que já se domesticava o cão na Europa antes da chegada de seus primos asiáticos.
A enorme variedade de raças caninas tende a ofuscar essa divisão entre animais da Europa e Ásia, pois muitos são parecidos. Mas os dados genéticos mostram que um pastor alemão ou um cocker spaniel inglês são primos bem distantes de raças asiáticas como o Shar Pei ou o mastim tibetano. Já raças como o Samoyeda e o Husky siberiano mostram uma mistura dos genes "europeus" e "asiáticos".
"A variação no tamanho, forma e cor do cão é surpreendente, e é um testemunho do poder da seleção. Desde que os humanos realmente enlouqueceram assumindo um controle extremo da criação de cães e selecionando para características estéticas, a variação nos cães é um reflexo do nosso fascínio com a novidade e aparências extremas. Mas é realmente apenas a seleção", disse um dos autores, Larson, para a Folha.
"Eu não tenho um cachorro agora, mas cresci com um doberman pinscher, um afghan, e um mastim inglês, e meus pais hoje têm um pug. Eu sou fã de todos cachorros (ou pelo menos da maioria) e particularmente gosto dos grandalhões preguiçosos e desajeitados", afirma o pesquisador. 

Ciência, a última esperança para a 'menina lobo' de Bangladesh

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/06/ciencia-ultima-esperanca-para-menina-lobo-de-bangladesh.html

02/06/2016 10h08 - Atualizado em 02/06/2016 10h08

Ciência, a última esperança para a 'menina lobo' de Bangladesh

Família recorreu a curandeiros e religiosos para eliminar pelos.
Agora, menina de 12 anos passa por tratamento em hospital de Daca.

Da Agência Efe

A família de Bithi recorreu a curandeiros e religiosos para eliminar o manto de pelo que cobre o corpo da menina, mas foi em um hospital de Bangladesh onde vislumbrou a possibilidade de curar o que parece um provável caso de "síndrome do homem lobo".
Bithi Akhtar apresenta excesso de pelo no corpo (Foto: Reprodução/India Today)Bithi Akhtar apresenta excesso de pelo no corpo
(Foto: Reprodução/India Today)















Bithi, de 12 anos, já nasceu com muito pelo, mas este seguiu se propagando pelo rosto e pelo corpo. No ano passado surgiu um novo problema quando seus seios aumentaram de maneira desproporcional. Sua vida foi se tornando cada vez mais difícil.
Hoje sorri porque seus pais pediram um empréstimo para levá-la à capital Daca, onde não só encontrou uma equipe de médicos que sabe como combater sua atípica doença, mas também a ajuda solidária que necessita para fazer frente ao custoso tratamento.
"O futuro só pode ser melhor. Quero voltar a estudar e ter uma vida normal", disse a menina à Agência Efe em um quarto do Hospital Universitário Bangabandhu Sheikh Mujib de Daca, no qual está internada.
Bithi tem dificuldade de pronunciar as palavras. A timidez e enormes gengivas superiores que cobrem completamente seus dentes a atrapalham, mas agora está contente porque seu rosto começa a perder a lanugem graças a uma primeira sessão de laser.
A jovem está há semanas se submetendo a exames que determinarão se sua doença está mesmo vinculada à 'síndrome do homem lobo', ou hipertricose. Enquanto isso, se prepara para enfrentar uma série de intervenções cirúrgicas e 20 sessões de tratamento laser que lhe manterão quase dois anos entre especialistas.
"As pessoas estão sendo fenomenais conosco. Nunca teríamos podido arcar com tudo, mas, entre o hospital e as doações, nossa menina poderá ser operada", comentou à Efe, cheio de satisfação, o pai de Bithi, Abdur Razzak, que ganha a vida como motorista em um povoado do distrito central de Tangail.
Abdur teve tudo claro desde o princípio. Muito pior que a espessa lanugem que cobria sua filha, foram seus seios, de 2,5 quilos cada um, que apareceram no ano passado, que lhe causam fortes dores e, enfim, lhe obrigaram a abandonar o colégio.
As gengivas superiores lhe incomodam, mas não lhe impedem comer e a menina inclusive brinca que gosta muito de carne, que pode mastigar porque seus dentes inferiores não estão cobertos.
"Os médicos nos disseram que tudo correrá bem. Se Alá quiser, tudo melhorará. Isto vai nos dar tranquilidade", comentou Abdur, acompanhado de sua esposa, Beauty, e dos outros dois filhos do casal, que brincavam junto com sua irmã Bithi na cama do hospital.
Segundo o médico Shahjada Selim, responsável pelo Departamento de Endocrinologia do centro, a menina se submeterá a cirurgias nas gengivas e seios nos próximos dias e a eliminação da lanugem está sendo realizada através de um centro especializado.
O custo total das operações, acrescentou Selim, ronda os US$ 12.000, sendo que parte desta quantia está sendo bancada por doadores particulares, como uma empresa de Bangladesh e cidadãos bengaleses residentes no exterior.
"A mutação genética sofrida pela paciente foi intrauterina. Tem quase todos os sintomas da 'síndrome do homem lobo', exceto o problema das gengivas, que é algo insólito, detalhou o médico.
O caso da "menina lobo" lembra o de seu compatriota Abul Bajandar, um jovem afetado pela estranha doença do 'homem árvore' que passou uma década visitando curandeiros e supostos especialistas até que, meses atrás, foi internado em um hospital de Daca.
Os cirurgiões já conseguiram extirpar algumas das verrugas com aparência de cascas de árvore que Abul tem nas mãos e nos pés. Agora é a vez de Bithi, que conta os dias para que sua vida volte a ser o mais normal possível.