sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Grã-Bretanha se torna primeiro país a legalizar bebês com três pais

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/02/gra-bretanha-se-torna-primeiro-pais-legalizar-bebes-com-tres-pais.html

26/02/2015 08h33 - Atualizado em 26/02/2015 08h33

Grã-Bretanha se torna primeiro país a legalizar bebês com três pais

Câmara Alta do Parlamento britânico aprovou mudança na legislação.
Além do DNA do pai e da mãe, bebê ganhará parte do DNA de doadora.

Da Reuters
Uma versão modificada de fertilização in vitro pode devolver a esperança a mulheres com doenças genéticas que pretendam engravidar
Uma versão modificada de fertilização in vitro pode devolver a esperança a mulheres
com doenças genéticas que pretendam engravidar /  
Sandy Huffaker/Getty Images

A Grã-Bretanha vai se tornar o primeiro país a legalizar uma técnica de fertilização in vitro com "três progenitores" e capaz de prevenir algumas doenças hereditárias incuráveis, segundo cientistas, mas que críticos temem que possa abrir caminho para o surgimento de "bebês projetados".
Após mais de três horas de debate, parlamentares na Câmara Alta do Parlamento britânico votaram na última terça-feira (24) a favor de uma mudança na legislação para permitir o uso do procedimento, repetindo a aprovação alcançada neste mês na Câmara Baixa.
O tratamento, chamado transferência mitocondrial, é conhecido como fertilização in vitro com "três progenitores" porque os bebês, nascidos a partir de embriões geneticamente modificados, carregariam o DNA de uma terceira doadora, além dos da mãe e do pai.
Embora a técnica ainda esteja em fase de pesquisa em laboratórios na Grã-Bretanha e Estados Unidos, especialistas dizem que com a superação dos impedimentos legais, o primeiro bebê britânico com três progenitores pode nascer já em 2016.
Técnica evita doenças
A transferência mitocondrial envolve a intervenção no processo de fertilização para remover um DNA mitocondrial defeituoso que possa vir a provocar doenças hereditárias, tais como problemas cardíacos, deficiência hepática, cegueira e distrofia muscular.
A mitocôndria age como uma pequena unidade de produção de energia dentro das células, e cerca de 1 em cada 6.000 bebês em todo o mundo nascem com sérios distúrbios mitocondriais.
Em resposta à votação no Parlamento, o diretor da entidade médica beneficente Wellcome Trust elogiou os parlamentares pela “decisão refletida e compassiva”. “As famílias que sabem o que é cuidar de uma criança com uma doença devastadora são as pessoas melhor posicionadas para decidir se a doação mitocondrial é a opção correta”, disse ele.
O diretor-executivo da Sociedade de Biologia britânica, Mark Downs, comemorou “um grande dia para a ciência da Grã-Bretanha” e disse que a decisão é um marco e “vai garantir às mães que carregam mitocôndrias defeituosos que possam ter crianças sadias livres de condições desvastadoras.”
Mas Marcy Darnovsky, diretora do Centro de Genética e Sociedade, um grupo de campanha contrário à medida, disse que o passo foi um “erro histórico” que vai transformar as crianças em experimentos biológicos. "As técnicas... são relativamente rudimentares e não vão por si sós criar os chamados bebês projetados", disse ela.
“No entanto, vão resultar em crianças com o DNA de três pessoas diferentes em cada célula de seus corpos, o que vai impactar uma grande quantidade de características de maneiras desconhecidas e introduzir modificações genéticas que serão transmitidas às futuras gerações”, acrescentou Marcy.

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