terça-feira, 30 de junho de 2015

Brasil ‘mestiço’

http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2015/326/brasil-2018mestico2019

Brasil ‘mestiço’

Ideia de mistura de raças encobriu dados sobre a diversidade cultural do país. Leia o texto da seção ‘Fora do quadro’, da CH de junho.
Por: Monica Lima
Publicado em 30/06/2015 | Atualizado em 30/06/2015
Brasil ‘mestiço’
Escravas negras de diferentes nações, retratadas por Jean-Baptiste Debret. (imagem: Wikimedia Commons)
“O Brasil é um país mestiço.” Essa afirmação, tão comum ao se falar da composição da população brasileira, e que tem seu lado de verdade, é generalizante demais – razão por que é muito perigosa. A ideia que vem associada é a de que somos um país de ‘mistura de raças’, e, por sua vez, deriva de um entendimento que não apenas reconhece a existência de raças, como quase sempre vem acompanhado do ‘mito das três raças’, que apresenta como base para a formação da população brasileira componentes indígenas, negros e brancos. Isso pode até dar letra de samba – mas será que faz sentido para nossa história?
Raça como conceito científico não existe. Também é errôneo pensar que o povo brasileiro é resultado da miscigenação de africanos, europeus e populações indígenas. Mesmo quando se incluem outras contribuições ‘raciais’, como japoneses e libaneses, nesse caldo, erramos ao afirmar que essa ‘mistura’ teria ocorrido de forma natural e quase sempre harmoniosa.
No século 19 e nas décadas iniciais do século 20, o cruzamento de ‘raças’ era considerado um perigo de degeneração, e o ‘embranquecimento’ da população, um alvo a alcançar. O pensamento dominante na época via o desaparecimento da herança cultural e biológica de negros e indígenas como fator de progresso. 
A Redenção de Cam
'A Redenção de Cam', pintura de Modesto Brocos y Gomes, retrata uma família miscigenada: avó negra, mãe mulata, pai e filho brancos. No século 19, o 'embranquecimento' da população era um alvo a alcançar. (imagem: Wikimedia Commons)
Mas, ao longo do século 20, o Brasil se transformava: cresciam as lutas sociais, surgiam novas ideias e aumentava a presença popular na vida política. E esse povo que saía às ruas e passava a votar não era ‘puro e branco’ como no Velho Mundo, muito pelo contrário. Pouco a pouco, foram aparecendo novas formas de se referir aos brasileiros e, entre elas, fortaleceu-se a ideia de povo mestiço como um valor positivo e característico da nossa população.
O artigo ‘Das moscas aos humanos: a genética e a questão da ‘mistura racial’ no Brasil’ na CH 326 mostra como a questão da ‘formação racial brasileira’ era vista no século 19 – um dilema para a construção da nação e da identidade nacional – e revela o interesse dos cientistas, já em meados do século 20, no estudo da variabilidade genética da população brasileira.

Povo cordial?

Junto com a construção da ideia de que a mistura entre povos de diferentes origens sempre foi tranquila e natural por aqui, veio aquela sobre a índole pacífica e cordial do povo brasileiro. Seríamos uma combinação perfeita de gente de pele morena, sorriso nos lábios, muita simpatia, sempre vivendo em paz, mesmo em condições muito difíceis. Trata-se de uma bonita imagem para ser assumida internamente e vendida como mercadoria atraente ao exterior. Mas teria isso um fundo de verdade?
O Brasil foi o país que mais recebeu africanos escravizados na história da humanidade
Se pesquisarmos a história do Brasil, a resposta é não. Uma longa trajetória de lutas e resistência de africanos e seus descendentes escravizados, assim como de guerras promovidas contra grupos indígenas que lutavam para permanecer nas suas terras ancestrais, mostra totalmente o contrário. O Brasil foi o país que mais recebeu africanos escravizados na história da humanidade: foram quase quatro séculos e mais de 4 milhões de africanos chegando aos portos brasileiros pelo comércio escravista. Somos o segundo país do mundo em população de origem africana, e o primeiro fora da própria África. E, hoje, mais da metade dos brasileiros se declara negro ou pardo.
Muitos de nós, entretanto, desconhecem o legado cultural dos povos africanos para o país. A história dos nossos antepassados até há bem pouco tempo não entrava nos livros didáticos e nas salas de aula brasileiras, onde predominava uma história europeia e ‘branca’. Isso vem mudando, embora devagar; ainda se vê muito preconceito e intolerância. Desde 2003, vigora uma lei que tornou obrigatório o ensino dessa parte da história. Conhecer a memória da África e dos negros no Brasil, assim como das culturas indígenas, significa mudar a perspectiva, e fazer com que os brasileiros possam se ver de outra maneira.

Ajustes necessários

É preciso repensar a ideia de africano como um todo único. A África é um continente e, mesmo ao sul do deserto de Saara, onde habitam em sua maioria povos de pele escura, há, e desde há muito tempo, uma enorme variedade de línguas, culturas, religiões, costumes e aparências entre os diferentes grupos humanos. Esses grupos interagiram e disputaram espaços e o domínio sobre produtos e rotas de comércio. Alguns se misturaram e deram origem a outros povos, como ocorreu em outros continentes e regiões do mundo.
Origens dos africanos escravizados
Origens dos africanos escravizados no Rio de Janeiro no século 19 (no mapa, fronteiras do século 20). Grupos étnicos: 1. Bacongo; 2. Nsundi; 3. Tio, Monjolos; 4. Bobange; 5. Bundo; 6. Quissama; 7. Libolo; 8. Ovimbundo; 9. Ganguela; 10. Iaô; 11. Macua;12. Tumbuca; 13. Achanti; 14. Daomé; 15. Iorubá; 16. Ibo; 17. Fulani; 18. Hauçá; 19. Bornu; 20. Nupe. (imagem: Adaptada de KARASH, Mary. ‘A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p .53.)
A ideia de ‘africano’ surgiu apenas no século 19, vinculada à luta contra o tráfico e a escravidão. É, ao mesmo tempo, uma resposta e um novo significado ao tratamento dado pelos europeus aos nativos do continente. Por trás da generalização do termo, estava o objetivo da dominação europeia e uma justificativa para exercê-la. É difícil precisar a origem dos africanos trazidos para o Brasil. Muitos eram capturados longe do litoral, apesar de receberem o nome do local de partida. Outros – ao longo da travessia e em sua inserção na sociedade brasileira, no universo de outros nativos da África escravizados –, assumiam uma identidade que fazia referência ao seu local de origem. Outros, ainda, integravam-se a grupos da mesma região de procedência, ainda que pertencessem a povos diferentes.
Assim, os chamados ‘cabindas’ no Brasil, trazidos da região da baía de Cabinda (hoje em Angola), poderiam ser nsundis, tekes e gabões. Incluíam-se entre eles muitas vezes os anjicos e monjolos. Os ‘congos’ seriam originados de diversos grupos situados na vasta rede comercial do rio Zaire (Congo). E os ‘angolas’ podem ter sido trazidos do entorno da cidade de Luanda, mas também da área de Cassange ou do vale do rio Cuanza.
Esses grupos formaram a maioria dos cativos transportados para o Brasil, originários da grande região Congo­Angola. Mas houve muitos outros. Os ‘moçambiques’ poderiam ser macúas, ou senas, ou mujaus, entre outras origens, capturados em uma ampla área que abrangia o que é hoje o sul da Tanzânia, o norte de Moçambique, o Malauí e o nordeste da Zâmbia. Os africanos embarcados na África Ocidental (região do golfo da Guiné ou sua subdivisão, a Costa da Mina) poderiam ser todos incluídos no grande grupo que ficou conhecido como mina aqui no país, sendo, por sua vez, iorubas (também conhecidos como nagôs), hauçás, ibos, daomeanos ou mahís.
Havia escravos cristãos, muçulmanos e aqueles que acreditavam em religiões nativas. Eram povos com histórias, modos de vida e saberes distintos
Alguns entre os africanos escravizados eram cristãos, outros muçulmanos – tinham inclusive os que liam e escreviam em árabe – e, em sua maior parte, acreditavam em deuses de suas religiões nativas. Eram povos com histórias, modos de vida e saberes distintos – alguns trouxeram conhecimentos sobre técnicas agrícolas em clima tropical, outros eram mineradores experientes, outros artesãos ou conhecedores de práticas curativas.

Retratos da diversidade

Jean­Baptiste Debret (1768­1848), artista francês estudioso da natureza no Brasil, retratou os diferentes tipos de mulheres africanas que pôde observar na cidade do Rio de Janeiro. Nem na própria África seria possível encontrar tantos representantes de povos daquele continente como aqui. Debret produziu aquarelas que mostravam a diversidade de origens das mulheres que haviam sido trazidas e escravizadas no nosso país.
Com seus trajes e penteados, adornos e marcas faciais e de estética própria – como a prática de limar os dentes – essas mulheres afirmavam suas diferenças, também percebidas em suas tradições culturais e idiomas. Nada mais distante de suas vidas que a ideia de uma África no singular ou de características de comportamento e crença que unissem todas elas em um denominador comum. Essas africanas eram tão diferentes entre si como homens e mulheres europeus de países distintos.
Conhecer essas histórias africanas é uma maneira de desmascarar essa uniformidade inventada, e reconhecer o rico mapa da diversidade ‘negra’ que faz parte de nossas origens.
E de que vale saber essas diferenças todas e questionar uma imagem idealizada de país mestiço? Serve para nos aproximar de outras histórias que nos pertencem e nos darão a chance de chegar mais perto de entender que o tanto que nos diferencia nos aproxima, e nos faz mais humanos. Afinal, o racismo que se vê e percebe no Brasil é como uma mosca na sopa dos estudos sobre a nossa miscigenação.
Este texto foi publicado na CH 326. Clique aqui para acessar uma versão parcial da revista e ler outros artigos.

Monica Lima

Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Dia ficará um segundo mais longo nesta terça-feira; entenda o motivo

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/06/dia-ficara-um-segundo-mais-longo-nesta-terca-feira-entenda-o-motivo.html

30/06/2015 10h34 - Atualizado em 30/06/2015 11h35

Dia ficará um segundo mais longo nesta terça-feira; entenda o motivo

Adição de 1s vai sincronizar velocidade de rotação da Terra e hora oficial.
O não ajuste provocaria colapso em sistemas de comunicação e bancário.

Eduardo CarvalhoDo G1, em São Paulo
O relógio da estação de metrô e trens Central do Brasil, no Rio de Janeiro, é um dos cartões postais da capital fluminense (Foto: Alexandre Macieira/Riotur)O relógio da estação de metrô e trens Central do Brasil, no Rio de Janeiro,
é um dos cartões postais da capital fluminense (Foto: Alexandre Macieira/Riotur)


















Você que sempre reclamava de falta de tempo e desejava ter mais de 24 horas para fazer tudo. Saiba que esta terça-feira (30) é o seu dia de sorte. Pelo menos por um segundo.

É que os relógios de todo o mundo vão adicionar um segundo para consertar uma pequena defasagem entre a velocidade de rotação da Terra e a hora oficial registrada no planeta.

Esse ajuste acontece de forma periódica desde 1972. De lá para cá, já foram 26 correções, mudança que, embora seja pequena, é considerada significativa na sociedade.
O segundo será adicionado às 23h59m59s pelo horário de Greenwich (GMT), hora padrão da Terra. No Brasil, esse ajuste vai acontecer às 20h59m59s, hora de Brasília (fuso de três horas a menos em relação ao GMT).
No Observatório Nacional, localizado no Rio de Janeiro, o relógio oficial, chamado de atômico, irá registrar a seguinte sequência: 23h59min59s, 23h59min60s, para só então passar a 0h00min00s de 1º de julho.
Mas qual a importância de tudo isso?
De acordo com Ricardo José de Carvalho, chefe da divisão do Serviço da Hora do Observatório Nacional, a consequência de não ajustar o segundo nos relógios do mundo pode ser desastrosa.

“A internet, por exemplo, pode ser afetada, já que os servidores estão conectados e sincronizados pelo planeta. Atividades que dependem da rotação da Terra também, como a navegação marítima, que usa como parâmetro o tempo para saber a posição”, explica.
Ele afirma que o ponto mais crítico nesse ajuste de tempo será a sincronização de servidores utilizados no mercado financeiro.
Carvalho explica que na Bovespa, bolsa de valores localizada em São Paulo e que é uma das maiores do mundo, 45 milhões de operações ocorrem diariamente e podem ser afetadas caso a adição deste segundo não seja feita nos computadores de lá. Isso poderia causar prejuízo de milhares de reais.
Apesar de a adição ser rápida, a forma como alguns serviços digitais a receberão pode causar uma interferência generalizada e temporária.
Instabilidade temporária
A última vez que um segundo foi adicionado foi em 31 de dezembro de 2012. Nesta época, o mundo da internet sofreu com uma onda de instabilidade. Os problemas ocorreram com Mozilla, Reddit, Foursquare, Yelp, LinkedIn, o sistema operacional Linux e aplicações rodando em Java. A falha pode ocorrer porque muitos sistemas de computação, incluindo computadores, laptops, smartphones e afins, usam o Network Time Protocol (NTP), que registra as horas e está alinhado a relógios atômicos.
A maioria, porém, não está preparada para lidar com um segundo extra. A solução encontrada foi implementar uma modificação interna no NTP. Milissegundos são acrescentados ao tempo durante todo o dia que terá um segundo a mais. Assim, quando chega a hora, o segundo já foi acrescentado naturalmente.
Variações na rotação da Terra
O mecanismo que altera o segundo é chamado de Leap Second (ou Segundo intercalado, na tradução do inglês) e é determinado pelo Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra, organização que mantém padrões de referência e tempo globais.
De tempos em tempos, essa adição deve ocorrer devido a variações da duração do dia que se acumulam, provocadas por alterações na velocidade da rotação da Terra.
O Observatório Nacional explica que essa variabilidade ocorre "em virtude dos efeitos gravitacionais do Sol, da Lua e dos planetas, e também resultado dos deslocamentos de massas terrestres em diferentes partes do planeta" – incluindo terremotos.

domingo, 28 de junho de 2015

Jogo de computador pode reduzir vontade de beliscar, diz estudo

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/06/jogo-de-computador-pode-reduzir-vontade-de-beliscar-diz-estudo.html

BBC
27/06/2015 19h43 - Atualizado em 27/06/2015 19h44

Jogo de computador pode reduzir vontade de beliscar, diz estudo

Hábitos de sempre comer algo não saudável ao longo do dia podem ser controlados com 'treinamento de cérebro' usando jogo online.

Da BBC

 Hábitos não saudáveis de 'beliscar' ao longo do dia podem ser controlados com jogo online (Foto: Thinkstock/BBC)Hábitos não saudáveis de 'beliscar' ao longo do dia podem ser controlados com jogo online
(Foto: Thinkstock/BBC)


Você costuma sempre 'beliscar' alguma coisa sempre que vê comida por perto? Um joguinho de computador pode ajudar algumas pessoas a controlarem seus hábitos pouco saudáveis de fazer 'pequenos lanches' – chamados 'snacks' – ao longo do dia.
Um estudo da University of Exeter, no Reino Unido, usou um jogo de computador para treinar as pessoas a evitarem as 'comidinhas' calóricas que normalmente ingerimos ao longo do dia.
A ideia era que os participantes cortassem calorias evitando clicar em imagens de coisas como biscoitos ou chocolates.
Eles perderam alguns quilos e conseguiram comer menos calorias por cerca de seis meses após a experiência com o jogo, que durava 10 minutos e precisava ser feito quatro vezes por semana.
O estudo foi feito com 41 adultos e divulgado na publicação científica Appetite.
A maioria deles estava acima do peso e todos disseram que costumavam beliscar coisas calóricas ao longo do dia, como bolo, biscoito e chocolate pelo menos três vezes na semana.
Treinamento do cérebro
O jogo online, desenvolvido por psicólogos nas universidades britânicas de Exeter e de Cardiff, usou técnicas de treinamento de cérebro para mudar o comportamento das pessoas – nesse caso, para que elas pudessem resistir às 'beliscadas' em comidas não saudáveis.
Ele pedia que as pessoas evitassem apertar uma tecla quando um comida não saudável aparecia na tela.
Esse tipo de treinamento ajuda as pessoas a associarem as comidas não saudáveis com o "parar de comê-las", explicaram os pesquisadores. Os resultados foram comparados com outro grupo de 41 adultos que completou o mesmo jogo, mas sem envolver fotos de alimentos.
Os resultados mostraram que os participantes perderam cerca de 0,7 kg e consumiram cerca de 220 calorias a menos ao dia durante a semana de treinamento.
Os diários alimentares nos seis meses seguintes sugeriram que os participantes mantiveram os hábitos de alimentação melhores aprendidos com o jogo.
A pesquisadora Natalia Lawrence, da Universidade de Exeter, que liderou o estudo, disse que o jogo era capaz de mudar o costume alimentar de uma pessoa, mas ainda seria cedo para fazer afirmações além disso.
"A pesquisa ainda está no começo e os efeitos são modestos. Tentativas maiores com medidas mais a longo termo serão conduzidas nos próximos meses", afirmou.
"Mas nossas descobertas sugerem que essa estratégia do treinamento cognitivo é muito boa: é de graça, é fácil e 88% dos participantes disseram que eles ficariam felizes em continuar fazendo isso."
Segundo Lawrence, esse tipo de treinamento poderia ser usado como um dos elementos de um programa de emagrecimento para melhorar hábitos alimentares.

domingo, 21 de junho de 2015

Feto mumificado é encontrado em mulher de 92 anos no Chile

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/06/feto-mumificado-e-encontrado-em-mulher-de-92-anos-no-chile.html

19/06/2015 18h42 - Atualizado em 19/06/2015 18h42

Feto mumificado é encontrado em mulher de 92 anos no Chile

O feto de 2 kg foi encontrado durante exames de rotina após uma queda.
Depois da morte do feto, ele se mumificou por razões não esclarecidas.

Da France Presse
Um feto mumificado de quase dois quilos foi encontrado numa mulher chilena de 92 anos que passou por exames de rotina após sofrer uma queda - informaram fontes médicas nesta sexta-feira (19).
"Foi uma descoberta incidental que não tinha qualquer relação com as causas pelas quais a paciente nos consultou", afirmou o vice-diretor médico do Hospital Claudio Vicuña, Carlos Vega, à rádio Bio Bio.
O caso lembra o de uma mulher brasileira, de 84 anos, que descobriu que carregava no abdômen um feto havia 44 anos. O episódio ocorreu no ano passado na cidade de Natividade, no Tocantins.
A mulher, identificada apenas pelas iniciais RMJ, foi levada por sua família para uma sala de emergência depois de sofrer uma queda. Uma radiografia dos quadris, dentro dos exames de rotina, encontrou o feto, que teve um desenvolvimento de cerca de sete meses e um peso de dois quilos.
Após sua morte, por razões que não foram esclarecidas, o feto se mumificou sem causar, até agora, qualquer desconforto no corpo de sua mãe, onde permaneceu por 50 anos. A mulher recebeu alta dentro de algumas horas após a descoberta.

Três teorias científicas para entender o temido inverno de 'Game of thrones'

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2015/06/tres-teorias-cientificas-para-entender-o-temido-inverno-de-game-thrones.html

BBC
20/06/2015 17h43 - Atualizado em 20/06/2015 17h52

Três teorias científicas para entender o temido inverno de 'Game of thrones'

Personagens dizem que 'o inverno está chegando', mas não sabem quando isso acontecerá; como o clima pode ser tão instável?

Da BBC
game of thrones - dance of the dragons - blog legendado (Foto: Divulgação/HBO)BBC separa teorias científicas para entender o inverno de 'Game of thrones'
(Foto: Divulgação/HBO)


















Se você assiste à série "Game of Thrones", com certeza já ouviu a frase que se repete como um mantra desde que foi pronunciada por Ned Stark na primeira temporada: "Winter is coming", ou "O inverno está chegando".
Mas o curioso é que os personagens não sabem exatamente quando ele vai chegar, ao contrário dos habitantes da Terra, onde as estações começam e terminam sempre na mesma data.
É que uma das principais particularidades do mundo fantástico recriado com base na série de romances "A Song of ice and fire ("Uma canção de gelo e fogo"), do norte- americano George R.R. Martin, é a extrema variação entre as estações.
Os verões e os invernos têm uma duração indeterminada e por isso os habitantes dos Sete Reinos passam a série se perguntando quanto tempo irão durar.
Mas esse cenário fictício tem alguma explicação científica possível? A BBC Mundo, o site em espanhol da BBC, encontrou pelo menos três:
1. Inclinação variável do eixo de rotação
Na Terra, as diversas estações do ano se devem à inclinação de 23,5 graus de seu eixo. Graças a ele, o hemisfério que está mais perto do Sol durante a rotação do planeta tem um clima mais quente ─ o verão ─ e seis meses depois, mais frio ─ o inverno ─ já que a Terra demora um ano para dar a volta ao redor da estrela central.
Além disso, a inclinação do eixo da Terra é extremamente estável. E isso se deve à Lua, que é muito maior do que os satélites da maioria dos planetas. Sem ela, o ângulo de inclinação iria variar em resposta aos "puxões" gravitacionais do Sol e de Júpiter. E as estações do ano não seriam tão estáveis.
É sabido que o planeta de Game of Thrones tem ao menos uma lua, como é revelado no episódio "The Kingsroad". E os livros também mencionam que houve outra, que se quebrou ao se aproximar demais do Sol e liberou assim milhares de dragões. Será que esse cataclisma celestial pode ter provocado uma mudança brusca na inclinação do eixo da Terra?
2. Uma órbita grande demais
A Terra gira ao redor do Sol em uma órbita elíptica, apesar de ser praticamente circular. Mas nem todos os planetas giram formando um círculo quase perfeito em torno da estrela central. Mercúrio, por exemplo, tem a órbita mais excêntrica do sistema solar.
Os astrônomos usam um parâmetro para medir quanto a rotação de um corpo celestial se desvia de um círculo perfeito. A de Mercúrio é 0,2056, contra 0,0167 da Terra. Quanto mais perto de zero, mais a órbita se aproxima de um círculo perfeito.
Ao rodar de uma forma elíptica de forma muito pronunciada, há momentos em que o planeta fica muito longe do Sol, uma das razões pelo qual o clima é mais frio do que o do inverno na Terra.
E esse "desvio" também tem consequências na duração das estações – uma explicação que poderia ser aplicada à série.
3. Planeta circumbinário
Outra teoria científica usada para explicar o clima instável do planeta onde ficam os Sete Reinos é que ele seja circumbinário.
Em 2013, Veselin Kostov, Daniel Allan, Nikolaus Hartman, Scott Guzewich, Justin Rogers, cientistas da Universidade de Cornell, em Nova York, publicaram um estudo argumentando sobre a possibilidade de o planeta da série orbitar em torno de duas estrelas, e não só uma.
E explicavam como seriam as estações se o mundo se "A Song of ice and fire" pertencesse a um sistema binário. Segundo os especialistas, um mundo com essa característica poderia experimentar estações curtas ou longas que se sucederiam de forma caótica, sem um padrão determinado, como na série.
Segundo a lenda, no mundo dos Westeros houve uma vez em que o inverno durou 900 dias. Esse tipo de planeta existe. Até hoje, já foram descobertos 15 sistema circumbinários.
Por isso, a explicação do clima louco e imprecedente de "Game of thrones" poderia estar em alguma dessas teorias. E também poderia ser uma combinação de todas elas.
Há até quem, em referência à mudança climática, diz que "Winter is coming" não é apenas um mantra, mas sim uma advertência clara.

Beber leite materno em idade adulta é prejudicial à saúde, alerta estudo

http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/06/beber-leite-materno-em-idade-adulta-e-prejudicial-a-saude-alerta-estudo.html

20/06/2015 17h42 - Atualizado em 20/06/2015 17h42

Beber leite materno em idade adulta é prejudicial à saúde, alerta estudo

Vendido livremente na internet, produto vem ganhando adeptos com promessa de que aumenta defesas do organismo.



Poderia o leite materno ajudar na cura do câncer em adultos?


Da BBC
Beber leite materno em idade adulta é "um perigo" para a saúde, alertaram pesquisadores britânicos.
O produto ─ disponível para a venda na internet ─ vem ganhando adeptos com a promessa de que aumenta as defesas do organismo.
Mas cientistas da Universidade Queen Mary, em Londres, dizem o contrário. Segundo eles, o leite não pasteurizado contém germes perigosos para o corpo humano.
Uma das autoras do estudo, Sarah Steele, afirmou serem enganosas as promessas de que o produto melhora o sistema imunológico.
Além disso, ela disse que há riscos de que o leite contenha bactérias nocivas à saúde.
"Quanto mais o leite demora para ser transportado, mais tempo as bactérias têm para se proliferar", afirmou Sarah.
"Testes realizados nos Estados Unidos e no Reino Unido mostraram níveis elevados de bactérias ruins, que na verdade provêm do intestino, basicamente, ou seja, das fezes da mãe que acabam no leite", acrescentou a pesquisadora.
Sarah explica a pasteurização do leite "mata" as bactérias ruins.
Ela lembra ainda que o procedimento é importante porque garante a qualidade do produto.
"Nesse sentido, podemos testá-lo para substância prejudiciais e assegurar que o leite contaminado possa ser descartado e não consumido".
Bom para o bebê
Sarah ressalva que o leite materno é "uma opção nutricional ótima para o bebê".
"Em nenhum momento queremos dizer que a ingestão de leite materno pelo recém-nascido é prejudicial à sua saúde. Pelo contrário", afirmou ela.
"Há algumas pessoas, no entanto, entre elas pacientes de câncer ou outras doenças, que acreditam que beber leite materno aumenta a resistência do organismo ou mesmo facilita a digestão de alimentos. Não há qualquer comprovação científica disso."
Sarah também recomenda maior cuidado com informações obtidas por meio da internet.
"Muitas das informações que as pessoas acham na internet são normalmente o contrário do que elas realmente significam."
"Talvez haja alguns benefícios relacionados à ingestão de leite materno por adultos, mas a maior parte dessas descobertas ainda não saiu dos laboratórios, ou seja, ainda está em fase de pesquisa".
"Além disso, é preciso ressaltar a diferença entre extrair componentes do leite materno que foram produzidos em laboratório para o tratamento de doenças e comprar uma garrafa e sair bebendo".
"É um leite não pasteurizado, saiu de alguém cuja história é desconhecida, e o usuário está se expondo a riscos envolvendo bactérias, vírus e até toxinas", concluiu.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Encontrada bactéria multicelular em lagoas do Rio

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/microbiologia/encontrada-bacteria-multicelular-em-lagoas-do-rio/

Encontrada bactéria multicelular em lagoas do Rio

Classificação do novo organismo, formado por até 20 células, mobiliza cientistas
Por: admin
Publicado em 03/06/2004 | Atualizado em 19/10/2009


Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas e do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro encontraram um organismo multicelular constituído de 15 a 20 células bacterianas em lagoas no Rio de Janeiro. O ser não tem núcleo celular definido por membrana (é procarioto) e possui todas as características atribuídas a uma bactéria. No entanto, é multicelular.

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Visão no microscópico ótico de diversas ’bactérias
multicelulares’. O tamanho médio de cada uma é
7,5 micrômetros. (fotos: Carolina Keim e colegas)

Já tínhamos notado a presença dessa bactéria em outros estudos feitos a partir das águas das lagoas Rodrigo de Freitas, de Itaipu e de Maricá", explica a bióloga Carolina Keim[1], uma das autoras do estudo publicado em março no Journal of Structural Biology
. "Mas nunca tínhamos encontrado o organismo em quantidade suficiente que possibilitasse seu estudo mais aprofundado."

Isso só se tornou viável quando, há cerca de quatro anos, durante seu doutorado na UFRJ, Carolina e colaboradores coletaram na lagoa de Araruama amostras muito ricas nesses microrganismos, nas quais havia milhares de espécimes por centímetro cúbico, livres de outros organismos.

Os pesquisadores crêem que o metabolismo dessa bactéria está associado a ambientes em que se encontrem grandes quantidades de enxofre. Todas as lagoas onde foram achados esses organismos possuíam água salobra, marinha ou hipersalina (com a presença de sulfato e sulfeto, compostos inorgânicos à base de enxofre) em percentuais relativamente altos.

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A bactéria consiste numa esfera formada por 20 células em
média, como mostra a imagem por microscopia eletrônica.
Os ’fiapos’ na superfície correspondem aos flagelos.
A bactéria consiste numa esfera formada por 20 células em média, como mostra a imagem por microscopia eletrônica. Os ’fiapos’ na superfície correspondem aos flagelos. As análises concluíram que as células do organismo nunca vivem sozinhas (diferentemente de bactérias em uma colônia), não concorrem umas com as outras e se comunicam entre si, apesar de não haver divisão de trabalho entre elas. "O organismo é capaz de realizar tipos de movimentos complexos e nadar numa velocidade de cerca de 50 micrômetros por segundo", explica Carolina. "O fato só é possível devido a essa troca de informações entre as células." A bióloga também esclarece que o espaço entre as células desse organismo é quase o mesmo encontrado nos seres multicelulares.


Os pesquisadores estão tentando demonstrar que o organismo bacteriano satisfaz algumas das condições consideradas fundamentais para ser considerado multicelular. "Temos duas tendências na classificação dos organismos", explica Carolina Keim. "Uma é a complexidade, observada principalmente em animais e plantas que possuem diversas células especializadas que trabalham em conjunto. A outra é a simplicidade, observada nos microorganismos unicelulares. Acreditamos que esse organismo esteja no meio do caminho, entre essas duas definições opostas."

A pesquisadora também explica que os organismos multicelulares tiveram várias origens independentes durante a evolução. "Tudo indica que esse organismo é representante de mais uma origem independente", diz Carolina Keim.

A nova bactéria foi chamada de "organismo multicelular magnetotáctico", por ser sensível a campos magnéticos. Como ela ainda não foi cultivada em laboratório e seu estudo ainda está em andamento, não foi possível determinar sua espécie e lhe dar um nome científico. "O que sabemos até o momento é que sua morfologia é diferente das outras bactérias já analisadas. Podemos estar até observando um gênero novo", afirma Carolina. A pesquisadora também comentou a necessidade de comparar esse organismo com um outro de características semelhantes encontrado em lagos parecidos nos EUA.
[1]Quatro autores assinam ao lado de Carolina Keim o artigo publicado no Journal of Structural Biology: Marcos Farina, professor no Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e orientador de Carolina em seu doutorado; Fernanda Abreu, estudante de mestrado da UFRJ; Ulysses Lins, professor no Instituto de Microbiologia da UFRJ; e Henrique Lins de Barros, do Centro Brasileiros de Pesquisas Físicas (CBPF). Atualmente, o assunto está sendo estudado por esses autores e também por Juliana Martins, estudante de doutorado da UFRJ, e Radovan Borojevic, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ.

Renata Moehlecke 
Ciência Hoje On-line
03/06/04