terça-feira, 20 de maio de 2014

Cientistas querem tirar esqueleto de 12 mil anos de caverna submersa

fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/05/cientistas-querem-tirar-esqueleto-de-12-mil-anos-de-caverna-submersa.html

19/05/2014 22h21 - Atualizado em 19/05/2014 22h21

Cientistas querem tirar esqueleto de 12 mil anos de caverna submersa

Esqueleto corrobora tese de que houve migração única para a América.
Achado foi anunciado em artigo da revista 'Science' na semana passada.

Da AFP
 Mergulhadora Susan Bird escova o crânio encontrado no fundo da fossa Hoyo Negro, na península de Iucatã (Foto:  Cortesia de Paul Nicklen/National Geographic)Mergulhadora Susan Bird escova o crânio encontrado no fundo da fossa Hoyo Negro, na península de Iucatã (Foto: Cortesia de Paul Nicklen/National Geographic)
Cientistas que participam da pesquisa que levou à descoberta de um dos esqueletos humanos mais antigos já encontrados no continente americano pretendem retirá-lo da caverna submersa mexicana onde ele se encontra. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (19) na Cidade do México.
A descoberta do esqueleto, que pertenceu a uma jovem com idade entre 15 e 16 anos que viveu entre 12 mil e 13 mil anos atrás, foi publicada na revista "Science" na semana passada. Chamado pelos cientistas de "Naia", o esqueleto permitiu concluir que os primeiros moradores da América tinham características genéticas similares a dos nativos modernos.
"Vamos extrair Naia através do laboratório do Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH), porque vamos fazer o processo de conservação", informou Pilar Luna, coordenadora do projeto, durante encontro com a imprensa internacional.
A delicada tarefa poderia se concretizar este ano e os restos poderiam permanecer em um museu de Yucatán, estado do leste do México banhado pelo Caribe, onde se deu a descoberta, acrescentou.
Crânio no fundo da fossa Hoyo Negro  (Foto: Roberto Chavez Arce/Divulgação)Crânio no fundo da fossa Hoyo Negro (Foto: Roberto
Chavez Arce/Divulgação)
Até agora, só foi extraído um fragmento de costela, um molar, assim como guano, sementes, fragmentos de rochas, o que permitiu determinar que os restos têm entre 13 mil e 12 mil anos de idade e que pertenceram a uma jovem de origem asiática, que participou das migrações que chegaram até a América, vindas da Sibéria.
Essa jovem, que viveu no Pleistoceno Tardio, foi batizada de Naia, após ter sido encontrada em 2007 por um grupo de mergulhadores de cavernas em um cenote de Yucatán, agora chamado de Hoyo Negro, situado dentro de uma caverna, inundada após a última glaciação, finalizada há 10 mil anos.
Após submetê-la a diversos estudos por mais de três anos, entre eles de DNA mitocondrial, Carbono 14 e urânio/tório, determinou-se que Naia é um dos esqueletos mais antigos já encontrados no continente americano e constitui o elo que faltava para confirmar o vínculo entre os primeiros povoadores da América e os grupos indígenas contemporâneos.
Tanto Hoyo Negro, uma "cápsula do tempo", que conservou a informação sobre o clima e a vida humana, animal e vegetal que existia na última era do gelo, como os segredos que Naia ainda tem para revelar poderiam dar trabalho "a muitas gerações", afirmou Luna.
A diretora geral do INAH, Maria Teresa Franco, assegurou que o grupo de pesquisas, até agora formado por 16 cientistas, "não será mais reduzido".
"Ao contrário, é possível que haja muitos outros acadêmicos porque esses projetos já não são mais abandonados. Há um investimento de interesse científico tão grande que as instituições não se desligam mais", acrescentou, destacando que muitos laboratórios e especialistas envolvidos trabalharam "sem cobrar".

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