Descoberta de estudos de Einstein mostra como sua concepção de Universo mudou
A teoria da relatividade geral, lançada por Einstein em 1915, já tinha como uma de suas consequências a sugestão de que o Cosmo não poderia ser estático.
Incapaz de aceitar isso, o físico embutiu em suas equações um termo batizado de constante cosmológica. Era uma espécie de “pressão negativa”, contrapondo-se à gravidade, impedindo o Universo inteiro de colapsar.
Incapaz de aceitar isso, o físico embutiu em suas equações um termo batizado de constante cosmológica. Era uma espécie de “pressão negativa”, contrapondo-se à gravidade, impedindo o Universo inteiro de colapsar.
Em 1929, porém, tudo mudou. O astrônomo Edwin Hubble constatou que galáxias distantes estão se afastando de nós, e concluiu que o Universo não era estático nem estava colapsando: ele estava em expansão.
O próximo estudo cosmológico que se conhecia de Einstein, a partir de então, era um de 1932 em coautoria com o holandês Willem de Sitter, que descrevia um Universo em expansão indefinida, sem constante cosmológica. Mas os trabalhos descobertos agora por O’Raifertaigh mostram que Einstein ainda resistiu a essa ideia por um tempo.
Editoria de arte/Folhapress | ||
EXPANSÃO ESTACIONÁRIA
A primeira reação de Einstein após um encontro com Edwin Hubble foi a de imaginar um Universo não estático mas que ainda teria uma constante cosmológica. Era um Universo bizarro, dentro do qual as galáxias estavam de fato se afastando uma das outras, mas com o espaço vazio que surgia sendo gradualmente preenchido pelo aparecimento de mais matéria.
O manuscrito em que Einstein esboçou essa ideia, provavelmente datado de 1931, nunca chegou a ser publicado, e só veio a ser descoberto neste ano (leia ao lado).
Numa espécie de Big Bang ao contrário –depois apelidado de Big Crunch–, uma implosão faria o Universo todo voltar a se concentrar num espaço infinitesimal.
Essa, também, é uma ideia que chegou a ser cogitada por outros físicos depois, mas acabou abandonada à medida que os astrônomos se davam conta de que a densidade de matéria no Universo é pequena demais para que a força gravitacional provoque um Big Crunch.
ÚLTIMO ATO
No trabalho de 1932, com De Sitter, Einstein leva em consideração pela primeira vez que o Universo poderia crescer indefinidamente se as galáxias estivessem se afastando umas das outras com uma velocidade grande o suficiente para compensar a gravidade. Com uma taxa de expansão bem nesse limiar, o Universo seria “achatado”, no jargão da cosmologia.
Einstein abandonou estudos de cosmologia logo após levantar esse hipótese. Curiosamente, todos os instrumentos sofisticados de astronomia indicam hoje que, de fato, o Cosmo parece achatado.
“Einstein não estava dizendo que o Universo é assim, apenas que o modelo mais simples era esse”, diz O’Raifeartaigh. “De qualquer modo, é incrível que todo o debate entre cosmólogos, travado décadas depois, sobre se o Universo era estacionário ou se evoluía já tivesse sido antecipado por Einstein.”
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